sábado, 6 de novembro de 2010

Covarde

Triste, opaco, inerte – sem vida,
Assim vive o covarde – vegeta.
Não se revela por inteiro,
A um místico se assemelha.

Protagonista, nunca será,
Viverá sempre na retaguarda da vida.
Onde chega, trás sombras, ofusca,
Incapaz que é de um ato honroso.

O covarde também ama – verdade!
Seu amor carece de vida e beleza.
Objeto de seu amor – o medo,
Privado de liberdade e gosto.

De tudo esconde, de tudo foge,
A vida, um fardo lhe parece.
Tudo adia – é só pensar,
Amanhã, diz ele – amanhã decido!
Mas a vida é dinâmica e não espera,

Autor : Conde

Contigo, eu vou!

Para bem longe,
Contigo, eu vou!

Se me chamar,
Contigo, eu vou!

De olhos vendados,
Contigo, eu vou!

Uma aventura,
Contigo, eu vou!

Virar a página,
Contigo, eu vou!

Sem mil perguntas,
Contigo, eu vou!

Mesmo sofrendo,
Contigo, eu vou!

Lutar e muito,
Contigo, eu vou!

Ver a Lua,
Contigo, eu vou!

Contar Estrelas,
Contigo, eu vou!

Ouvir o Mar,
Contigo, eu vou!

Pisar na Areia,
Contigo, eu vou!

Rolar na Grama,
Contigo, eu vou!

Sorrir e muito,
Contigo, eu vou!

Saber das coisas,
Contigo, eu vou!

Brincar na Chuva,
Contigo, eu vou!

Beber um trago,
Contigo, eu vou!

A qualquer hora,
Contigo, eu vou!

Fazer amor,
Contigo, eu vou!

Gozar e muito,
Contigo, eu vou!

Comer pipoca,
Contigo, eu vou!

Viver pra sempre,
Contigo, eu vou!

Contigo, eu vou,
...É só chamar!

autor : Conde

Começo

Aproxima-se,
O termo,
E agora ?
Tão desejado teu caminho,
Vai, siga em frente.
A porta se fechará às tuas costas.
Quanto tempo – teu desejo,
Guardastes em silêncio.
A hora é chegada,
O Frio,
O Silêncio,
O Vazio,
O Opaco,
O sem brilho,
Inodoro mesmo por vezes.
Experimente, o sabor,
Familiar não é.
Do outro lado a vida pára e
Te contempla – o que queres aqui ?
Por que viestes a este estado,
O da Solidão ?
Opção – imposição – ambas ?
O que importa agora é o tempo,
De certo será longo,
Não verás seu fim.
Use e abuse poeta,
É todo seu – silêncio.
Medita pois tua vida aqui,
Deste lado.
Respira e inspira – transpira mesmo,
Todo tempo será teu.
Transforme-o em lágrimas,
Transforme-o em vida interior,
Transforme-o em Amor próprio,
Desprovido de ranço e sofrer.
Pense grande,
Debruce sobre o pensar,
Sobre o belo,
Sobre o puro,
Sobre a vida – bem vivida,
Sofrida, mas vida.
Com o choro conviva honrosamente,
Sorria se for capaz – e muito.
Mas acima de tudo,
Viva !

Autor : Conde

Canto do Fora

Hora de olhar – olhar,
Hora de olhar mais perto – olhar mais perto,
Hora de admirar – admirar,
Hora de se aproximar – se aproximar,
Hora de tentar tocar – tentar tocar,
Hora de tocar – tocar,
Hora de levar – levar,
Um fora – fora !

autor : Conde

Canção da Solidão

Um só é meu sonho,
Caminhar livremente.

Um só é meu querer,
Amar e ser amado.

Um só é meu desejo,
Poder sonhar.

Uma só é minha luta,
Por pão, água e luz.

Uma só é minha vontade,
Ter vontade.

Uma só é minha vida,
Pra doar a outrem.

Um só é meu sentir,
Que sou ouvido por muitos.

Uma só é minha sina,
A solidão !

autor : Conde

Missão

Como foi? Foi assim! Foi sim!
Ouvia as batidas do coração.
Seguia-o qual cordeiro ao pastor,
As batidas eram fortes – retiniam.

Longa caminhada percorri,
Só, não estava, nunca estive.
O chamado, mais forte inda se ouvia,
Quanto peso, a deixar pelo caminho.

O tempo passa, o chamado não,
Cada vez mais alto, chega o peito doe.
Mesmo, todos juntos, o chamado é uno,
Muitos ficam, poucos vão – é vocação!

Eu tô convencido, em ouvir sou “bom”,
Segue, diz Ele, segue teu caminho.
O coração bate qual maior trovão,
Ao ouvir eu corro – distancio não.

Aproxima-se a hora, agora ou não,
Eis que surge ela, silenciosa e bela.
Trava-se a luta – pobre corpo, em vão,
Todos olham imóveis, é agora ou não.

Tanto quanto é bela, tez morena ela tem,
Olhos negros, andar suave qual pluma.
Eu debatia, dia e noite, tréguas não dava,
As batidas, agora, já perdem o vigor.

Mas eu luto, olho à frente,
Trilha aberta, ela, vejo então.
Já não se esconde – reluzente está,
Eu, pobre de mim, lutar pra que, em vão?

E meus sonhos, qual fumos negros,
Sobem, sobem, aonde vão, sei não.
Ela firme está, astuta e bela,
Exala o perfume do amor – horror!

Eu inda sonho, tolo e débil,
Deus, onde estará agora – grito.
Só ela vejo, só ela penso, só ela sinto,
Abandonado? Jamais, Ele é pai!

Não sou tão forte – apieda-se,
Perdi o rumo, surdo fiquei – apieda-se.
Do peito, vem o silêncio – traidor,
Calou-se qual alcoviteiro mor.

E agora, que faço eu – soluço,
Ela, pouca distância mantém – auscuta-me.
Feitiço, sedução, que arma agora,
Qual morto caio e o chão não sinto.


Distância, agora não há, ampara-me,
Mãos mornas, odor silvestre, calor intenso.
Não luto mais, forças não tenho,
Entrego-me. Apieda-se de mim, oh Deus!

Se lá, ou cá – o que importa,
Onipresente, sempre, Ele está.
Deu-me qual prenda, deu-ma qual dádiva,
Dois, já não somos – o amor venceu!

Os sonhos, nunca morrem – adormecem,
A fé não se acaba – transmuda.
A trilha, pra ela agora aponta,
Caminho único? Não! O escolhido sim!

Pra trás, ficou o tempo,
Maduros, caminhantes – juntos sempre.
Os frutos, são três, qual trindade,
Carolina, Ana Clara e Francisco,
Ao chamado, atendi; padre, agora sou. Amém!

Autor : Conde

Ao Lado Dela

Hoje,
Eu marquei.
Fiz planos – loucos !
Se ela virá ?
Não sei.
Penso que sim,
Também faz planos.
Mais loucos ainda !
O que comer,
O que beber,
O que fazer ?
Que importa;
Fiz planos - loucos !
Brincar,
Beijar – e muito .
Amar, sem fim.
Sorrir, sem medida.
Ah, mas o tempo,
Inimigo nosso,
Como vencê-lo ?
Implacável,
Judia da gente.
Mas os planos,
Sempre os terei,
Dão vida – animam !
Hoje isso, amanhã aquilo,
Muitos planos – ousados.
O maior deles ?
Ser feliz – muito feliz;
Como ?
Ao lado Dela...

Autor : Conde

Anônimo

Caminho no meio da multidão,
Parece estranho, mas não sou notado.
Visível eu? Sim. Penso que sou – estou,
O barulho é intenso, se esbarram – anônimos.

Continuo caminhando no meio da multidão,
Cada rosto – uma história, uma vida – e eu?
A turba me assusta – estou só, ainda não sou visto,
Ignoram-me. Cada qual se basta – autômatos.

A multidão segue; e eu no meio – sou levado,
Não sou tocado – sou imaterial, não sabia!
Solidão e multidão andam juntas – ironia,
Mesma gênese, mesma matéria.

O que fazer, ficar só – menos mal,
Ouvir acalenta o coração solitário – esquecido.
Que risco corremos em meio a massa,
Ser notado visto, lembrado, quiçá Amado.
...caminho no meio da multidão!

Autor: Conde

A Saga das Fêmeas

Nasceu, mais uma mulher,
Alegria na casa – desolação.
Porque nascem as mulheres;
O que trazem consigo – do ventre ?

Dizem os antigos – bem antigos mesmo,
A respeito dos pais – digo Pai.
Quatro são suas preocupações – a saber:
As principais é claro!

A mulher está prenhe – e agora ?
A família fica sobressaltada com o termo.
Da gravidez.
Será homem ou outra mulher ?
Se mulher – problema e dos grandes !

É, não teve jeito, muitos desejaram mas,
Nasceu mais uma fêmea – e com saúde.
E a menina cresce – torna-se mulher,
Eis a segunda preocupação – se casará ?

Negocia daqui, negocia dali – casou-se,
Virgem, donzela – bem criada e prendada.
Agora está tudo bem ! Que nada, vem aí,
O terceiro dilema – será fértil – parirá ?
Dará filhos, e homens ?

Depois de muito reza – promessas mesmo,
Embuchou – novamente a dúvida.
Homem ou mulher ?
Feliz sina do pai – É um menino,
E dos grandes, uma dádiva !

O tempo passa – menina, mulher,
Mulher madura – anciã.
O quarto drama – pavor mesmo,
Tornar-se-á uma bruxa ? – Fogueira !

Piedosa, temente a Deus – um exemplo,
Ufa, até que não foi tão triste assim.
Em quantos atos – a saga feminina,
Viva as mulheres – guerreiras, amantes e
Poderosas !

autor : Conde

A Onda

Olha a onda,
Lá vem a onda,
Sim, de novo a onda.
Eu, não vou nessa onda,
Todos vão naquela onda.
A onda leva - a onda trás,
Mas, de onde vem a onda?
Que importa – ela vem e pronto!
Siga a onda – é tudo onda.
Não, eu não vou na onda da onda – resisto,
E como é, não ir na onda ? Diga,
É ter a própria onda – que é onda.
Lá vem a onda,
Que onda o que ! Não vejo nada – cego ?
A onda é tudo – pronto !
Que faço eu que não ando na onda ?
Procure uma onda e...
Fique na onda da onda!

autor : Conde

A Casa do Alto

Aquela casa, quantas lembranças,
De altura impar, vista do longe.
Lá estava aquele teto singular,
O que se encerra no seu ventre,
Jamais saberão – Silêncio.

As paredes espessas e opacas,
Esconderam uma vida – seus reveses.
Poupados, os que ali habitaram,
Sofreram o mal do silêncio – Maldição !

Se grito se ouvissem, salvos seriam,
Mas nada se ouviu daquelas alturas.
Ah, que casa singela, diziam os outros,
Ali mora o amor e suas mazelas.

Mas a casa é segura – sobre rocha
Se sustentam, diriam os amigos.
Enganados ? De certo que não – tolos !
Que casa é segura com tanto silêncio ?
Ruiu e foi ao chão, a casa do alto.

Ninguém ousa crer – não é possível !
Tão sólida, tão serena – exemplo.
Os escombros ao chão, o choro ao longe,
Se escuta – o silêncio foi vencido.

Todos acorrem em direção a casa,
Ainda têm vida os que lá viveram.
Não crêem, não aceitam, não choram !
Se erguerá por si só – grita alguém.

E assim foi feito – silêncio mortal,
O choro era forte, quase perene.
O silêncio foi vencido – quanta dor provocou,
Mas a casa tem vida – sobrevida terá !


Nos primeiros instantes não se tem força,
Imóveis – quase inertes os que lá,
Se calaram !
E o tempo parou. Conspirou contra todos,
Imóvel, parece recusar-se a crescer.
E as vidas ? Continuam seus cursos,
Rumo a morte – talvez a FELICIDADE !

Autor : Conde